Miguel Torga punha as coisas de forma a que, depois de lidas, ficasse uma tal sensação de plenitude que parece que tudo já foi escrito. Como este poema que sei de cor desde que pela primeira vez o vi no meu livro de Português do 10.º ano, e me tem servido de paliativo até hoje:
Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoieiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O Velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
segunda-feira, junho 13, 2005
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