sábado, dezembro 24, 2005
História Antiga
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque não gostava de crianças.
Miguel Torga
quarta-feira, dezembro 21, 2005
O sol já volta
Hoje é o Solstício de Inverno, o que significa que o hemisfério norte está mais longe do sol do que em qualquer outra altura do ano. O que significa que a noite de hoje é a mais longa de todo o ano (que o digam os nórdicos). O que significa também que começa hoje - e só hoje - o Inverno.
Os antigos romanos festejavam o sol invictus, o sol invencível, uns dias depois, a 25, quando o sol se reerguia para começar a a crescer de poder de dia para dia. Os cristãos aproveitariam essa festividade pagã para fazer passar a festa da natividade de Cristo, que assim ficou convencionada ter ocorrido a 25 de Dezembro. Foi assim, às cavalitas do paganismo, que nasceu o Natal que hoje conhecemos.
Aproveitemos a noite. A partir de amanhã os dias serão maiores, mas só até à próxima navegação celeste extrema, que ocorrerá em Junho.
Os antigos romanos festejavam o sol invictus, o sol invencível, uns dias depois, a 25, quando o sol se reerguia para começar a a crescer de poder de dia para dia. Os cristãos aproveitariam essa festividade pagã para fazer passar a festa da natividade de Cristo, que assim ficou convencionada ter ocorrido a 25 de Dezembro. Foi assim, às cavalitas do paganismo, que nasceu o Natal que hoje conhecemos.
Aproveitemos a noite. A partir de amanhã os dias serão maiores, mas só até à próxima navegação celeste extrema, que ocorrerá em Junho.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
A música que se houve por toda a vida
Há coisas de que se gosta porque nos enchem os sentidos, há outras de que gostamos porque a beleza está na sua simplicidade desarmante, e, apesar de simples, são de uma riqueza preenchedora.
Bob Dylan mostrou que não é preciso ter uma grande voz para cantar bem. A bem dizer, a voz não é o que mais interessa na música de Bob Dylan, mas sim a sua capacidade de pôr muita coisa numa forma simples. Não são precisos arranjos nem grandes arrumações: a beleza está toda na simplicidade, ou, como diz uma amiga minha, as melhores essências estão nos frascos mais pequenos.
Com uma produção assim, Dylan chegou a referência incontornável da música, não só da folk e do rock, mas de uma ideia universal de música. Fez-se homenzinho a ouvir a prodigiosa música americana das raízes, como o folk e o blues. Saiu Robert Zimmerman do seu Minnesota natal numa mota com destino a Chicago mas a meio decidiu cortar caminho para Nova Iorque, porque aí estava o seu ídolo Woody Gunthrie internado no Brooklyn State Hospital com uma doença incapacitante e Bob queria visitar o mestre. O testemunho foi passado.
Aí fez-se Bob Dylan, em homenagem ao poeta Dylan Thomas, e o mundo ganhou mais um.
Os três álbuns que editou entre 1963 e 1965 foram logo considerados dos mais importantes e influentes da música americana
Às vezes dá-me para ouvir algumas músicas até à exaustão. A última foi o Hallelujah de Leonard Cohen, na versão de Rufus Wainwright. Agora é Just Like a Woman, de Dylan. Veio-me porque o vi interpretá-la num DVD do Concerto pelo Bangladesh promovido em 1971 pelo ex-Beatle George Harrison, em casa de um amigo meu assim celebrava o se 51.º aniversário, e nisto de música ensina a muita gente. E com as músicas em estilo de prece de Bob Dylan, ainda hoje cheias de actualidade, também se aprende muito. Sobre tudo.
Bob Dylan mostrou que não é preciso ter uma grande voz para cantar bem. A bem dizer, a voz não é o que mais interessa na música de Bob Dylan, mas sim a sua capacidade de pôr muita coisa numa forma simples. Não são precisos arranjos nem grandes arrumações: a beleza está toda na simplicidade, ou, como diz uma amiga minha, as melhores essências estão nos frascos mais pequenos.
Com uma produção assim, Dylan chegou a referência incontornável da música, não só da folk e do rock, mas de uma ideia universal de música. Fez-se homenzinho a ouvir a prodigiosa música americana das raízes, como o folk e o blues. Saiu Robert Zimmerman do seu Minnesota natal numa mota com destino a Chicago mas a meio decidiu cortar caminho para Nova Iorque, porque aí estava o seu ídolo Woody Gunthrie internado no Brooklyn State Hospital com uma doença incapacitante e Bob queria visitar o mestre. O testemunho foi passado.
Aí fez-se Bob Dylan, em homenagem ao poeta Dylan Thomas, e o mundo ganhou mais um.
Os três álbuns que editou entre 1963 e 1965 foram logo considerados dos mais importantes e influentes da música americana
Às vezes dá-me para ouvir algumas músicas até à exaustão. A última foi o Hallelujah de Leonard Cohen, na versão de Rufus Wainwright. Agora é Just Like a Woman, de Dylan. Veio-me porque o vi interpretá-la num DVD do Concerto pelo Bangladesh promovido em 1971 pelo ex-Beatle George Harrison, em casa de um amigo meu assim celebrava o se 51.º aniversário, e nisto de música ensina a muita gente. E com as músicas em estilo de prece de Bob Dylan, ainda hoje cheias de actualidade, também se aprende muito. Sobre tudo.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
9444
Hoje a Democracia em Portugal foi prestigiada com a entrega das assinaturas dos cidadãos eleitores que propuseram Manuel Alegre para candidato a Presidente da República.
O poder de mexer com a política não está só nas mãos de alguns - está na mão de todos nós que fizemos uso da nossa liberdade individual não comprometida, que fizemos avançar mais um pouco esta ideia de país que não descansa e não desiste.
Obrigado aos 51 cidadãos que aceitaram o meu convite para usarem este gesto simples mas cheio de significado. Sem vocês não eramos 9444.
O poder de mexer com a política não está só nas mãos de alguns - está na mão de todos nós que fizemos uso da nossa liberdade individual não comprometida, que fizemos avançar mais um pouco esta ideia de país que não descansa e não desiste.
Obrigado aos 51 cidadãos que aceitaram o meu convite para usarem este gesto simples mas cheio de significado. Sem vocês não eramos 9444.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
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